O bispo britânico Richard Williamson, um de quatro bispos tradicionalistas cujas excomunhões foram revogadas no sábado, deu no passado declarações negando a plena extensão do Holocausto dos judeus da Europa, ao contrário do que é afirmado pela maioria dos historiadores.
Williamson disse à televisão sueca: “Acredito que não houve câmaras de gás” e que apenas até 300 mil judeus teriam morrido em campos de concentração nazistas, em lugar de 6 milhões.”
O cardeal alemão Walter Kasper, encarregado do departamento do Vaticano que trata da unidade dos cristãos e das relações da Igreja com os judeus, foi um dos muitos que não foi consultado de antemão.
Em sua determinação em sanar um cisma interno da Igreja, o papa ou não levou em conta as implicações maiores que teria sua iniciativa, ou não se preocupou muito com elas.
Ademais, conversas extra-oficiais com várias fontes da Igreja mostram que praticamente ninguém no Vaticano sabia que o bispo tradicionalista Richard Williamson tinha dado declarações negando o Holocausto.
“Todo o mundo que conheço tomou conhecimento disso pela mídia”, falou uma fonte. “Não fizeram a lição de casa necessária neste caso.”
Williamson já tinha dado declarações semelhantes em sermões no passado e também declarou que Deus não pretendeu que as mulheres vestissem calças ou estudassem na universidade, e que os ataques de 11 de setembro de 2001 foram na realidade frutos de uma conspiração do governo norte-americano.
Ficou claro que porta-vozes do Vaticano não estavam preparados para a enxurrada de críticas que se seguiu à reabilitação de Williamson, que, segundo alguns judeus, pode jogar por terra meio século de diálogo com o Vaticano.
veja mais fonte : Estadão